sexta-feira, 25 de abril de 2014

Sempre trazia brinquedos

Bruno Senna relembra histórias com o tio Ayrton: "Sempre trazia brinquedos"

Nostálgico, sobrinho do tricampeão recorda infância e jeito brincalhão do tio famoso fora das pistas: "Enchia o prato dos outros de pimenta quando não estavam olhando"

Daqui a uma semana, completa-se 20 anos da morte de Ayrton Senna, naquele trágico fim de semana do GP de San Marino de 1994. Desde o início do ano, diversas homenagens ao redor do mundo estão sendo realizadas para homenagear o maior piloto da história da Fórmula 1. Personagem importante da vida do ídolo brasileiro, seu sobrinho Bruno Senna aproveitou a proximidade da data para relembrar diversos momentos com o tio. Ambos eram muito apegados. As primeiras experiências de Bruno no kart foram por influência do tio famoso. A morte de Ayrton foi um grande trauma na vida do sobrinho, que se afastou das pistas por dez anos, mas conseguiu superar essa defasagem na base para chegar à Fórmula 1, onde disputou três temporadas. O piloto, que hoje compete em provas de Enduranc, lembrou do lado descontraído de Senna, de histórias curiosas e até da famosa frase proferida por Ayrton: "Se acham que sou rápido, esperem até ver meu sobrinho”.

Primeiras memórias:
"São da época em que ele regressava ao Brasil ao final da temporada. Ele sempre trazia brinquedos incríveis para mim e minhas irmãs, principalmente do Japão. Lembro que ganhei vários carrinhos rádio-controlados com os quais eu começava a brincar imediatamente."

Como era o Ayrton fora das pistas:
"Ele era um cara relaxado, bem do tipo família. Sempre procurava ajudar os outros e aproveitar bem esse período de descanso ao fim do campeonato. Aproveitava também para dormir bastante e zoar com os convidados que apareciam em casa em Angra dos Reis, enchendo o prato deles de pimenta quando não estavam olhando. Gostava ainda de empurrar as pessoas na piscina ou no mar, principalmente se elas tinham acabado de tomar banho."
Sobre a frase de Ayrton: "Se acham que sou rápido, esperem até ver meu sobrinho":
"Significa basicamente que ele achava que eu tinha habilidade para encará-lo nas corridinhas de kart na fazenda. Ter sucesso no automobilismo vai muito além de ser veloz, mas depende de ter a cabeça boa e estar no lugar certo e na hora certa"

Uma curiosidade:
"Parece que todos têm uma história diferente sobre o Ayrton, mas a minha favorita é uma que ouvi do Nigel Mansell. Ele me disse que, quando venceu o campeonato de 1992 e estava saboreando a conquista no pódio, o Ayrton, que estava ao seu lado, disse para ele: "Tá curtindo, né? Por que você acha que me esforço tanto?"

Onde Bruno estava no dia do acidente:
"Estava em casa com a família. Claro que ficou tudo muito confuso. As informações não eram muito precisas e o estresse foi muito grande até que sua morte fosse confirmada. Depois disso, tivemos um pouco de tempo para aceitar a perda, mas felizmente somos uma família unida e centrada, e todos puderam se apoiar naquele momento difícil."

A pressão do sobrenome:
"O nome Senna sempre foi motivo de orgulho para mim, mas também fator de pressão extra. Mas é claro que me ajudou muito a conquistar apoios no início da minha carreira."

O legado de Ayrton:
"É muito abrangente. Vem, acredito, da forma como conseguia tocar os mais diversos tipos de pessoas com aquilo que representava. Existe o aspecto mais básico, que é o do piloto e das suas incríveis façanhas nas pistas. Todos os fãs de corrida tem essa nostalgia e as memórias inesquecíveis de disputas por posição, grandes corridas na chuva, além, é claro, das classificações. Para outras pessoas, o grande legado está voltado à sua personalidade fora das pistas. Alguém que era tão bem-sucedido e amado no esporte, mas conseguiu transcender o esporte e se tornar um exemplo de princípios de vida. Características como determinação, obstinação, perfeccionismo, senso de justiça e patriotismo fizeram do Ayrton alguém muito diferenciado num esporte onde a política sempre reinou. Ainda nas pistas, as medidas de segurança nos carros e nos autódromos foram reforçadas, a tal ponto que ninguém mais morreu numa corrida de Fórmula 1. Mas, na minha opinião, seu maior legado é o Instituto Ayrton Senna, fundado pela minha mãe, Viviane, para levar adiante um grande sonho do Ayrton: dar oportunidade às crianças e jovens preencherem seus potenciais e atingirem sucesso na vida. Ate hoje, mais de 10 milhões de crianças e jovens passaram pelos diversos programas educacionais do Instituto por todo o Brasil. Mesmo aqueles que nunca chegaram a ver o Ayrton correndo o conhecem e foram tocados por ele de alguma forma."

Fonte: Globo Esporte

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