sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A misteriosa tranquilidade de Bruno Senna


Felipe Massa, Bruno Senna e Luiz Razia. São estes os brasileiros cujos nomes podem estar na lista de inscritos para o Mundial de F1 de 2013 — o de Massa pode e estará, já que a Ferrari confirmou sua permanência por mais um ano na última semana. Luiz Razia, atual vice-campeão-quase-campeão da GP2, tem contatos suficientes para negociar com mais de duas equipes, vai participar do teste para jovens pilotos em Abu Dabi pela Toro Rosso, mas não tem nada garantido — que se saiba, ao menos.
Já Bruno Senna vive aquela que é talvez a condição mais intrigante das três neste momento, a quatro GPs do fim da temporada. O piloto da Williams parece ter voltado das férias de agosto mais tranquilo, ainda que as dificuldades que vem enfrentando sejam as mesmas: algumas escapadas em treinos livres, o desafio de passar para a última parte do treino classificatório. Como ponto positivo, Bruno tem o fato de ter feito boas corridas, consistentes, no mais das vezes atrapalhadas apenas por acidentes envolvendo outros pilotos ou problemas no carro.
A tranquilidade de Bruno é um enigma porque, desde o início do ano, ele tem sido ofuscado por uma sombra pesada: a de Valtteri Bottas, reserva do time, que tem acordo para fazer 15 das 20 primeiras sessões de treinos livres no carro de Bruno e parece ter conquistado a simpatia da imprensa britânica, a “mídia de casa” da inglesa Williams. Os ingleses, aliás, dão quase como certa a entrada de Bottas na vaga de Bruno em 2013 — mais por impressão que por informação. Consta que é o próprio Toto Wolff, sócio e diretor executivo da Williams, ex-empresário de Bottas, que tem espalhado por aí a preferência da equipe pelo finlandês. Mas ainda não é Wolff quem dá as cartas; Frank Williams segue atuante, mesmo que seja presença discreta no paddock quando aparece.
Quanto à questão do patrocínio, é bobagem dizer que Bottas leva mais dinheiro que Bruno ao time. Não leva. O potencial do sobrenome Senna para angariar fundos é grande. Na categoria “empresas multinacionais com presença forte no Brasil”, há o Santander e a P&G, com as marcas Gillette e Head & Shoulders, e uma participação bem maior que a do banco espanhol. A empresa americana está preparada para ficar mais um ano com o piloto não porque haja garantia de que Bruno Senna terá equipe para 2013, mas pelo simples fato de a multinacional com sede nos Estados Unidos ter um ano fiscal diferente do brasileiro, o que gera a necessidade de definir o orçamento do próximo período antes do que faria uma empresa do Brasil. Ou seja, o compromisso da P&G com a Williams para 2013 não significa necessariamente que a parceria — que só faz sentido por causa de Bruno Senna — se manterá.
Bruno Senna tem ainda ao seu lado a fiel Embratel, parceira de longa data, a MRV Engenharia e a OGX. Por falar em OGX, muita expectativa foi colocada sobre a responsabilidade do grupo de Eike Batista, “o milionário”, em manter Bruno na F1 de 2011 para 2012. Na realidade, deste bolo de patrocinadores, a participação da OGX é das menores.
Assim como tantas outras equipes no grid, a Williams precisa, sim, de dinheiro. E talvez a experiência que Bottas obteve nos treinos livres não seja a chave para garantir que seu desempenho será melhor que o de Bruno Senna ou Pastor Maldonado.
A temporada está acabando. Anunciar a permanência de Bruno no GP do Brasil, última corrida, agradaria e muito os patrocinadores que não são só dele, mas da equipe como um todo. A verdade é que falta pouco tempo para sabermos se a segurança que Bruno Senna aparenta tem a ver com o fato de ele estar certo de que fica ou de que não dá para ele em 2013.

Fonte: Tazio

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Beijinhos,
Ana

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