De tanto falar de James Milligan, a equipe do Acelerando decidiu dedicar um post ao “fisio” de Bruno Senna. Segundo o próprio, a variedade de papeis que exerce na vida do piloto é tamanha que pode ser comparada à de uma mãe
James tem 36 anos e, nos finais de semana de corrida, pode ser encontrado onde Bruno estiver — eles se conhecem desde que Bruno estava na GP2 e foram juntos para a Williams depois de terem se reencontrado no ano passado, na Lotus. Sua formação está dentro da grande área de Ciências do Esporte, mas, na Williams, suas tarefas vão desde acompanhar o piloto brasileiro em suas entrevistas coletivas imediatamente pós-treino classificatório e corrida até carregar a caixa com a bicicleta de Bruno para o lugar certo no momento da desmontagem dos motorhomes e hospitalities. Ele é também a melhor pessoa para se consultar caso precise saber qual é a agenda de Bruno no final de semana corrida. Identificar James é fácil: está quase sempre carregando uma garrafa com o líquido que Bruno bebe para repor nutrientes e se hidratar — é James quem faz a mistura.
Ao Acelerando, James Milligan contou um pouco mais sobre o trabalho que desenvolve há doze anos no esporte a motor.
De onde vem seu envolvimento com automobilismo?
Tudo começou com meus pais. Antes mesmo de eu nascer, meu pai já era engenheiro de esporte a motor e minha mãe era assistente pessoal de um dono de equipe. Cresci no meio e, na verdade, minha meta era ser piloto. Mas, quando fui diagnosticado com diabete, tive que parar. Naquela época, eles não liberavam pilotos com diabete sob a alegação de que, caso o nível de açúcar no sangue baixasse durante uma prova, você poderia desmaiar e colocar vidas em risco. Isso acabou com minhas aspirações de correr.
E porque escolheu a área de saúde?
No começo, eu queria ser engenheiro como meu pai. Mas era uma época em que a engenharia estava em baixa na Grã-Bretanha e, como eu sempre gostei de fitness também, optei por essa área. Era um momento em que os pilotos começavam a entender que trabalhar a saúde os ajudaria a ter melhor performance. Estudei de 1992 a 1996.
Na F1, vocês, que trabalham diretamente com os pilotos, são chamados de “fisios”, mas você já disse outras vezes que esta denominação não é a mais correta.
Sim, é porque o fisioterapeuta está, tradicionalmente, mais ligado à área clínica na Inglaterra. Minha função é a de terapeuta esportivo porque trabalho no campo, lidando com lesões assim que elas ocorrem e também evitando que elas aconteçam. Cuido da nutrição, acompanho os treinos e prescrevo as sessões para as semanas entre-corridas, além de ajudar a organizar a agenda do Bruno nos finais de semana de GP.
Nesta questão dos treinos quando não há provas, como é o Bruno?
Já trabalhei com pilotos que precisavam de alguém junto o tempo todo para motivá-los, mas não é o caso de Bruno. Ele tem uma “automotivação” muito forte. E ele sabe que, ao mesmo tempo, treinar sozinho é um momento muito pessoal que pode ser aproveitado como um alívio de toda a pressão que há na F1.
Que tipo de treino Bruno faz quando está em casa, em Mônaco?
O exercício cardiovascular do Bruno é a bicicleta. Ele também faz circuito com vários exercícios diferentes. Planejo a série para tenha a mesma duração de uma corrida, 1h40 sem descanso. Misturamos exercícios cardiovasculares, aeróbios, de resistência, etc. O ambiente do carro de F1 é muito inconstante, por isso é que variamos bastante o treinamento. Também treinamos juntos quando ele vai para a fábrica para fazer simulador.
E a comida? No Brasil, arroz e feijão é um prato muito comum.
Arroz é uma das coisas que Bruno não deve comer. Mas, por estar morando fora do Brasil há tanto tempo, acho que ele acabou se acostumando a comer outras coisas. Ele come bastante peixe. Nos dias de GP, tentamos variar para que ele não coma salmão em todas as refeições, por exemplo. A verdade é que Bruno é muito tranquilo, não faz questão de nada diferente. De certa maneira, comer sempre pratos semelhantes é uma forma de saber que aquela comida não vai te fazer mal num dia de corrida, por exemplo. Ele come também muitos vegetais e toma o drink que fazemos para ele. Entre as corridas, não há problemas em comer carne, mas nos finais de semana de prova, as refeições são baseadas em peixe por ser leve e muito nutritivo.
Já aprendeu algumas palavras em português?
[Risos] Mas Bruno fala tão bem inglês! Acho que nós, britânicos, somos muito preguiçosos para línguas…
Fonte: Tazio/ Acelerando com Bruno Senna
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Muito bacana a entrevista, vale a pena a leitura!!
Bjinhos,
Ana
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