quinta-feira, 10 de março de 2016

Prévia: na capital da poluição, F-E estreia em autódromo e encontra temida Peraltada

A Cidade do México já foi considerada a cidade mais poluída do mundo e a do ar mais perigoso para crianças de acordo com a ONU, mas trabalhou loucamente nos últimos 25 anos para salvar o ar que respira. De estreia em um autódromo, a F-E vai conhecer a Peraltada. O eP da Cidade do México é interessante para as duas partes




A narrativa principal da chegada da F-E ao México é de fácil destaque: pela primeira vez os bólidos elétricos irão passar por um autódromo fechado. O Hermanos Rodríguez, por onde também passa a F1, abrirá as portas para ser uma nova casa a acolher a F-E. Uma necessária tanto para a categoria quanto para a cidade.
 
24 anos atrás, em 1992, a ONU deu um dos mais desagradáveis títulos imagináveis para a Cidade do México: "cidade mais poluída do planeta". Alguns anos depois, em 1998, o ar da capital mexicana foi classificado como "o mais perigoso do mundo para crianças". A Cidade do México precisava mudar, porque tinha um ar mortal. É estimado que apenas o excesso de gás ozônio contribuísse com cerca de 1000 mortes por ano.
 
Pelos últimos quase 30 anos, a cidade tem tentado uma forma de se livrar dessa situação. Após as declarações da ONU, claro, as tentativas foram intensificadas. Foi banido o uso de chumbo na produção de gasolina, conversores catalíticos nos motores de carros, fechamento de indústrias poluentes e criação de mecanismos para a melhora de um trânsito que beira o caos. De lá para cá, algumas coisas melhoraram bastante. O nível de emissão de dióxido sulfúrico, por exemplo, caiu em 70%.
 
Pelos problemas espaciais que enfrenta e acabam desfavorecendo a alta emissão de gases, a cidade está sempre em alerta. Há uma parceria atual com a universidade americana de Harvard para avaliar as melhorias econômicas e de saúde do trabalho com o ar. 

Por conta da altitude, a Cidade do México tem um problema que outros lugares não enfrentam: a pressão atmosférica faz com que a combustão de combustível dos motores de carro seja incompleta, lançando poluentes como monóxido de carbono na atmosfera em estado mais bruto. Por isso a energia elétrica e os motores movidos por baterias EV são de extrema importância para a cidade.
 
E, neste estágio onde está, vai ser bom para a F-E ir onde a F1 passa e se testar num autódromo. Claro que o desenho vai ser completamente diferente. Os carros elétricos vão passar pelo trecho do antigo oval e andarão por um caminho bem veloz. Com a Peraltada, inclusive. A curva mais famosa do circuito, banida do novo projeto da F1 por ser perigosa demais, está de volta às vidas do fã de automobilismo. 
 
Naquele layout bastante diferente que apresenta uma arquibancada em cima do traçado, o público faz um barulho gigantesco de um povo completamente apaixonado pelo automobilismo. Diga-se o que quiser da compra de vagas na F1, mas o dinheiro do magnata das telecomunicações Carlos Slim colocou Sergio Pérez e Esteban Gutiérrez por lá e potencializou o tesão mexicano pelo esporte.
 
Então será um fim de semana diferente. Na pista, porém, a ideia segue a mesma. A e.dams segue na frente, a Audi ABT atrás. Mas o traçado tem traços de oval, uma curva agressiva como a Peraltada, a parte do Estádio, chicanes travadas e uma curva onde a frenagem será feita com os carros tortos, segundo aponta Simona de Silvestro. Numa pista exigente assim, a probabilidade de quebras afins é bastante promissora.
 
E em algum momento a coisa vai ter de degringolar um pouco para Lucas Di Grassi. Sébastien Buemi já abandonou uma corrida por problemas em software, mas Di Grassi faz uma temporada quase impecável. É quase inevitável algum problema durante a temporada, por melhor que ela seja. Lucas, embora segundo colocado do campeonato, é o grande piloto até aqui. Não lidera porque de fato enfrenta um adversário implacável e com o grande carro do ano. Mas cedo ou tarde um dia ruim ou uma dificuldade mecânica chega na esquina. Para o brasileiro, hoje quatro pontos atrás do suíço, ser campeão significa perfeição também da Audi ABT.

Fora isso, as semanas estão sendo até calmas para a F-E. Sem muitas turbulências ou novidades após primeiros meses de temporada bem movimentados, agora as especulações é que entregam algumas grandes curiosidades. As conversas para ir ao Marrocos e o projeto cada vez mais forçado pelo pessoal da Mahindra de ir à Índia são coisas que chamam a atenção. Alejandro Agag gosta de dar suas pistas em entrevista, franco que costuma ser. 
 
Outra notícia que apareceu nos últimos dias - além da nova pintura da Aguri, com a cara da Gulf, e promovendo a participação do mexicano Salvador Durán em casa - foi o acordo que Nelsinho Piquet traçou para correr o WEC pela Rebellion. Ao lado dos também F-E Nick Heidfeld e Nicolas Prost, vai participar do início da temporada do Mundial de Endurance. Estará por lá, a priori, nas 6 Horas de Silverstone, 6 Horas de Spa-Francorchamps e 24 Horas de Le Mans. É um desejo antigo do primeiro campeão da F-E, mas difícil não ligar também à temporada péssima da China.
 
De qualquer forma, vai ser bom ver de novo a F-E e reencontrar a Peraltada. O povo do automobilismo vai emular Simon & Garfunkel e se reapresentar com um 'Hello darkness, my old friend'.

Fonte: Grande Prêmio

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