domingo, 4 de agosto de 2013

Impacto, calor e "vício": entenda a emoção de acelerar um Aston Martin

Repórter do Terra sente a emoção de correr em alta velocidade ao lado de Bruno Senna

"Depois de passar por essa experiência, todo o resto fica meio blasé". A frase é de Bruno Senna, mas poderia ser minha. Ele soltou esse comentário de forma despretensiosa, fora das entrevistas, mas resumiu meu dia: depois de pilotar um Aston Martin, é possível entender porque um piloto fica tão viciado em corridas. Medo, impacto, calor excessivo, desconforto, estranheza e até alguma humilhação - tudo isso foi vivenciado por mim nesta quinta-feira em Warwick, região a 2 horas de Londres, no Reino Unido. Mas a adrenalina compensou qualquer problema rapidamente - a 200 km/h.

A ideal inicial era tranquila: pegar carona com Bruno Senna no Aston Martin que simula seu carro no Mundial de Endurace. A pista era de testes, mas as voltas também foram: "vou ver agora sem tração traseira", avisou o Bruno. "Isso é melhor ou pior?", perguntei. "Não sei, vamos ver agora", respondeu. Eu tinha pedido "com emoção", não "com medo". Não adiantou.

Era impossível não tomar alguns sustos: a placa dizia "freie", mas Bruno só freava muitos metros depois. E então vinha o impacto - o cinto segurava tudo, é claro, menos a tensão, que aumentou quando o pneu "cantou" na curva. "Liga a tração, Bruno!".

Em uma "chicane" montada na pista, parecia improvável escapar sem derrubar os cones. Mas Bruno conseguiu. Só o que caiu foi meu medo - a partir deste momento, era possível confiar que toda volta teria mais diversão do que sustos. E muito mais calor: é verão na Inglaterra, o macacão é quente, e o carro, fechado, mais ainda. Existe ar condicionado, mas pouco alivia. "Como um piloto pode aguentar isso por quatro, seis ou nove horas?", pensei.

Não foi por várias horas, mas também tive minha chance de pilotar o Aston Martin. Desta vez era o carro esportivo, feito para as ruas e para pessoas que recebem meu salário multiplicado por 100. Mas eu estava lá, com o carro na mão e não poderia perder a oportunidade. Era a chance de observarem meu talento e me contratarem para a equipe. Por que não?!

Não deu certo: freada tardia, dificuldade para passar a marcha com o lado inverso (mão inglesa) e erros nas entradas das curvas deixaram o instrutor que estava comigo com medo. Resolvi piorar. "Agora ele vai ficar bravo". Acelerei: cheguei a quase 200 km/h na curva e demorei mais para frear. Enfim, me senti como um piloto. Mas era muita confiança para pouca técnica e então minha diversão acabou. "Não vá para outra volta, por favor", pediu o instrutor.

A experiência foi além e inavdiu outros terrenos: primeiro a lama com o jipe e depois uma pista escorregadia com um carro menor. Eu invadi a primeira com cuidado. Vi um carro atolar, outro quase capotar, mas consegui escapar ileso. Depois veio a chance de arriscar manobras: em um trecho que simula a pilotagem no gelo, suei frio para acertar alguma manobra. E não consegui. Só me recuperei da "humilhação" quando vi Bruno Senna fracassar na tentativa de acertar um giro de 360 graus.

E então veio o momento mais difícil: parar de "brincar". O vício pela adrenalina já estava forte e insisti para dar mais algumas voltas no Aston Martin, dessa vez com câmbio automático. Foi mais fácil, é claro, mas o importante era matar a vontade de fazer algo que provavelmente nunca mais farei. Para mim só vai sobrar o humilde Palio que está na minha garagem. E a certeza que o Bruno estava certo: depois de viver tudo isso, agora o mundo inteiro está mais devagar.

O repórter viajou a convite da Gillette

Fonte: Terra


 

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