sábado, 16 de junho de 2012

Um dia de bicicleta e a história de St-Tropez

Além de ser fã de tecnologia, o hobby mais conhecido de Bruno Senna é o ciclismo de estrada. Desde que se mudou para Mônaco, o brasileiro transferiu a rotina de treinos, antes em Londres, para a ensolarada Côte d'Azur, região litorânea no sul da França, na fronteira com a Itália. Ao Acelerando, Bruno Senna descreve agora como é um dia ideal de treino para ele.

Preparação, alimentação e tipos de treino
"A primeira coisa importante é um café da manhã bem completo. Eu costuma acordar umas 8h30 e tomar café direto. Como musli com frutas secas, só que não com leite, mas com suco de frutas, laranja, maçã, cenoura, morango. É uma cumbuca razoável", brinca Bruno. "Se o treino vai ser grande, como também torradas de pão integral com manteiga e mel ou geleia. E não como rápido, como bem devagarzinho".
Sair de barriga cheia direto para o treino não é recomendável, então Bruno aproveita esse período depois do café da manhã para preparar a bicicleta: "Se estiver precisando de um trato, dou uma lubrificada na corrente, encho o pneu, me troco, pego as coisas. Isso dá mais uns 40 minutos no mínimo, e a gente acaba saindo por volta das 10h".

Há dois tipos principais de treino para Bruno: o de montanha e aquele pelas estradas mais próximas da praia. "Quando fazemos o treino de montanha, não vamos tão longe, mas ficamos entre uma hora e uma hora e meia subindo. Depois descemos e dá umas duas horas de treino no total, cerca de 35km. Nesses casos, geralmente subimos Eze, La Turbie ou la Madone, mas essa é uma subida muito forte, bem inclinada, e chegamos a quase 1000m de altitude.

"Quando o tempo está bom, sem muito vento, saímos para fazer um treino mais longo. No ano passado, estava fazendo muito Mônaco-Cannes, o que dá uns 85km no total. Fazia isso umas três vezes por semana, e treinos mais curtos nos outros dias", explica Bruno.
O piloto da Williams sempre leva algo para comer. Nos treinos mais longos, com mais de três horas, chega a parar para comer sanduíches. Quanto à bebida, diz que geralmente os "drinks com eletrólitos" são suficientes.

A ida para Saint-Tropez
Bruno conta que gosta mais de fazer o treino acompanhado, até porque, assim, as sessões acabam durando mais. Numa dessas ocasiões, foi para Saint-Tropez com Lucas di Grassi e, poucas semanas depois, fez o mesmo com Betinho Gresse, ambos pilotos vizinhos de Bruno em Mônaco. O trecho tem 135km e Bruno fez os treinos-viagens em julho de 2011. Falando ao Acelerando, ele relembrou uma história no mínimo inusitada.

"Quando fui com o Lucas, fomos no sábado e voltamos no domingo, e fomos pela praia. Paramos para comer no meio porque não temos carro de apoio, então passamos num lugar ao qual a gente vai sempre para pegar um sanduíche e compramos bebidas para reabastecer as garrafinhas. Só que, quando eu fui com o Betinho, de quarta a domingo umas duas ou três semanas depois, a história não foi tão simples.

Nós erramos o caminho e, em vez de irmos pela praia, fomos pela montanha. Tinha uma subida tensa. Nosso cálculo era para pararmos num lugar determinado, mas paramos muito mais longe porque não conhecíamos o local. Nossa água acabou, acabou tudo o que nós tínhamos. O sol estava rachando, os dois desidratando. Passamos em uma oficina mecânica e enchemos com água da torneira mesmo, estávamos desesperados bebendo aquela água.

Quando chegamos ao topo da montanha, na parte mais plana, encontramos uma pizzaria. Comemos uma pizza inteira cada um e eu, que não tomo Coca-Cola porque não tomo nada com cafeína, comprei uma e enchi minha garrafinha, mas nem lembrei de tirar o gás. Coloquei a garrafinha no suporte traseiro e a Coca ficou espirrando pelo bico, jogando refrigerante na roda de trás da bike. O aro ficou todo cheio de Coca durante a descida porque, na primeira vez que eu usei o freio de trás, já grudou... e ficou grudado por uns 40km.

Só que não tinha como eu saber porque, na descida, você não percebe. Cheguei em St-Tropez com cãibra, todo ferrado. Quando chegamos lá embaixo, o Betinho começou a puxar e eu: 'Não estou aguentando, não estou aguentando'. Mesmo no vácuo dele, eu continuava com o batimento cardíaco alto, mas não sabia o que estava acontecendo. Aí, o Betinho errou o caminho porque ele pegou o vácuo de um caminhão e eu acabei parando, com cãibra. Tive que descer da bicicleta quando faltavam só 2km.

Assim que eu desci e puxei a bicicleta, percebi que a roda de trás estava travada. Aí que eu vi que o freio estava amarrado pelos últimos 40km. Esse treino foi um dos piores que eu já fiz na vida. Demorei três dias para me recuperar", lembra Bruno, agora rindo depois de passado o sofrimento.

Corrida e natação
Eventualmente, Bruno participa de competições de triatlo, que requerem também bom desempenho em corrida e natação. No entanto, ele conta que corrida talvez não seja o mais indicado no momento: "Meu joelho não gosta muito", revela. Bruno explica que, apesar de também ser preciso tomar cuidado, os treinos de bicicleta são menos pesados para o joelho: "Na subida, a marcha fica mais pesada e você coloca mais carga no joelho, mas ainda assim não tem tanto impacto quanto na corrida".

Já pela natação, Bruno tem mais gosto: "No verão, gosto muito de nadar no mar. Não gosto tanto de treinar na piscina quanto no mar".

A meta de Bruno agora é arranjar mais tempo para os treinos de bicicleta, que ficaram um pouco de lado com a nova rotina de piloto da Williams -- ainda que a bicicleta esteja sempre com ele nos finais de semana de prova.

Fonte: Tazio/ Acelerando com Bruno Senna

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Bjinhos,
Ana

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