A temporada mais emocionante e imprevisível da história da F1 teve um desfecho à altura. Num fim de campeonato tão eletrizante quanto o de 2008, Sebastian Vettel só pôde finalmente soltar o grito de tricampeão depois de ter cruzado a linha de chegada do GP do Brasil, disputado no último domingo (25), em sexto, quatro posições atrás de Fernando Alonso, seu rival na luta pelo título. Mas, definitivamente, quem fecha 2012 como vencedora é a própria F1.
“Interlagos fez uma decisão digna de sua história e da história da F1. Uma corrida fantástica, definida por Nelson Piquet, no pódio, como a mais emocionante que viu na vida. Um espetáculo”, avaliou Flavio Gomes, diretor da Agência Warm Up e do Grande Prêmio.
Foi um ano histórico, marcante. Alonso foi um guerreiro, lutador, colocou a Ferrari na briga pela taça até o fim, mesmo quando tudo parecia apontar para um fracasso retumbante no começo do ano, em Melbourne. Vettel calou os críticos e se mostrou excelente nas piores adversidades, como em Abu Dhabi ou mesmo no Brasil, quando quase viu o tri ir pelos ares, fez belíssima reação em uma corrida caótica. “E que reação. Me arrisco a dizer que foi uma das maiores recuperações da história em corridas decisivas, perdendo apenas para aquela loucura que foi a atuação de Ayrton Senna no GP do Japão de 1988”, lembra Ivan Capelli, blogueiro e colunista do Grande Prêmio.
No fim das contas, o título de 2012 ficou em ótimas mãos. Como também seria mais do que merecido caso Alonso fosse o tricampeão.
“O esporte determina que só pode haver um campeão. OK, ficou com Vettel, que merece todos os elogios do mundo. É um fenômeno. Pela juventude, carisma, frieza, capacidade, simpatia”, comentou Gomes. “Se ficasse com Alonso o título, também estaria OK: combativo, persistente, talentoso, forte, líder. Mas é só um que leva. Ao vencedor, as batatas. Ao perdedor, os aplausos. E ficamos todos bem”, escreveu o jornalista.
“Alonso fez um campeonato excepcional. O melhor de sua vida, provando que é possível executar um bom omelete sem ovos. Perdeu o título em dois acidentes sobre os quais não teve controle algum. Ficou a três pontos do alemãozinho, que se tornou o mais jovem tricampeão de todos os tempos, 25 anos, colocando-se ao lado de Juan Manuel Fangio e Michael Schumacher no seletíssimo clube de pilotos que venceram três campeonatos seguidos”, acrescentou Gomes.
Capelli também destacou o feito épico de Vettel em Interlagos. “Cruzou a linha de chegada às lágrimas, tricampeão, com justiça. Não que Alonso não merecesse o título, também deu shows de pilotagem na temporada. Qualquer um dos dois seria um honrado detentor do título. Mas, pelo que fez na corrida final, contra tudo e contra todos, Vettel mereceu mais.”
Outros tantos pilotos são dignos de nota pela temporada. A começar por Kimi Räikkönen. Muitos questionaram sua motivação em seu retorno à F1 após dois anos no WRC, mas logo os resultados vieram, surpreendendo a todos, menos a cúpula da Lotus e o próprio Kimi, de longe um dos melhores e mais irreverentes do grid. “Para quem estava fora havia dois anos, nada mau. Figuraça, trouxe de volta à F1 aquilo que falta à maioria dos pilotos: personalidade”, opinou Gomes.
Lewis Hamilton foi outro baita piloto. Incrível o que guiou o britânico. Se tivesse um carro mais confiável e, principalmente, melhor sorte, fatalmente estaria brigando pelo bi em Interlagos, palco do seu título em 2008. Fica para o ano que vem, quando terá o maior desafio da sua vida. “Deixar a McLaren, uma equipe azeitada e sempre correndo por vitórias e títulos, para assumir uma Mercedes que ainda luta por seu lugar ao sol, foi uma decisão corajosa. Lewis terá muito trabalho para fazer da equipe prateada o que dela sempre se esperou: que seja grande e que lute constantemente por vitórias”, escreveu Fernando Silva, editor do Grande Prêmio e da Warm Up.
2012 também viu uma das reações mais espetaculares da F1 em sua história recente. Felipe Massa teve um começo de temporada horrível, como ele próprio reconhece. A não-renovação por parte da Ferrari era iminente, muita gente queria sua vaga, afinal. Mas aí, depois das férias de verão, o verdadeiro Massa voltou e consolidou um segundo semestre quase perfeito, subindo ao pódio duas vezes e sendo peça fundamental para a Ferrari, vice-campeã dos Construtores, só atrás da poderosa Red Bull. As lágrimas no pódio de ontem foram um desabafo por tudo o que passou e pela vitória que alcançou, por fechar 2012 no pódio e recomeçar em 2013 com a Ferrari.
“Foi bonito vê-lo no pódio hoje. Fez uma corrida fabulosa, apesar das dificuldades no início, depois de uma largada muito bonita, mas que resultou em pouco. Seria o segundo colocado se Alonso não estivesse precisando do resultado. Mostrou à Ferrari que é homem de equipe, leal e correto. Massa termina o ano em alta”, opinou Gomes.
A corrida também foi histórica porque marcou o adeus definitivo de Michael Schumacher, o piloto mais vencedor da F1 em todos os tempos. Uma despedida marcada por uma homenagem prometida, que não aconteceu, além de uma série de coincidências, como bem lembrou Gomes. “Prometeram uma grande homenagem-surpresa para Schumacher, mas suspeito que a única foi aquela volta antes da largada levando um bandeirão onde estava escrito “Thank you”. É singelo, mas honesto. E a recíproca, camarada, é verdadeira. Michael terminou a última de suas 308 corridas em sétimo, pilotando o carro número 7, mesma posição de largada de seu primeiro GP, lá em 1991 na Bélgica. E sete foram seus títulos mundiais. Ao final da prova, pelo rádio, Michael agradeceu a todo mundo de novo. E, de novo, nós é que agradecemos, camarada.”
Foi, definitivamente, uma corrida para a história. Não poderia haver melhor forma de terminar o melhor campeonato da história da F1. O GP do Brasil representou tudo o que foi a temporada. O melhor do melhor.
Fonte: Grande Prêmio
*****
Beijinhos,
Ana
Nenhum comentário:
Postar um comentário