quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O futuro de Bruno


Antes de assinar com Bruno Senna, no início deste ano, a Williams já havia acertado que o finlandês Valteri Bottas andaria no primeiro treino livre de 15 das 20 etapas. Era um claro processo de preparo para que ele assumisse o posto de titular para 2013. A única chance disso não acontecer seria se o ano do piloto brasileiro fosse espetacular. Não foi.
Bruno tem qualidades: é um piloto consistente na pista, trabalhador fora delas e com um excelente contato com os engenheiros. Possui uma legião fiel de torcedores e o apoio de diversos patrocinadores brasileiros, o que o torna um nome ainda interessante no mercado.
Mas pecou em algumas áreas. Na classificação, por exemplo. Nem tanto por ter ficado a grande parte delas atrás de Pastor Maldonado, tendo em vista que o venezuelano é excelente em uma volta rápida e o brasileiro tinha o handicap de um treino livre a menos para acertar o carro na maioria dos finais de semana. Mas era para ele ter passado mais vezes para o Q3 com o carro que tinha - conseguiu fazê-lo apenas em uma ocasião. Também acho que falta um pouquinho mais de agressividade na disputa por posições.
No final das contas, incomoda o fato dele ter terminado os últimos três anos não renovando com a equipe que defendia. Em 2010 era claro que isso aconteceria em meio a uma relação desgastada com Colin Kolles dentro da péssima Hispânia. Mas no ano passado ele perdeu a vaga para Romain Grosjean - que trazia o apoio da Total e de Eric Boullier, mas o brasileiro também tinha argumentos financeiros de peso. Agora, a Williams confirma Bottas, uma aposta pelo potencial de um novato em detrimento de um piloto experiente, consistente e que conhece o time.
Bruno é bom piloto. Mas falta algo para ter aquele “a mais”, talvez aquela casca que se cria em anos e anos de kart que ele não pôde fazer durante o tempo em que a família se recuperava do trágico acontecimento de maio de 1994. Talvez por isso mesmo ele use tanto o termo “aprendizado” ao falar de suas experiências na Fórmula 1. Claro que há muito o que aprender sobre coisas específicas da categoria, mas a base fez falta para ele.
Dentro desse projeto de permanecer na F-1, a única opção que vejo válida para ele é a Force Índia. No seu estágio de carreira, dar um passo atrás para defender uma Caterham ou Marussia da vida não faria o menor sentido.
Mas se o futuro do Bruno Senna piloto é incerto, ele pode ficar tranquilo: como pessoa ele é especial. Sempre simpático com todos, atencioso e com uma paciência incrível, acaba sendo muito querido ali dentro, coisa rara de se ver no paddock.
Na vida, no fundo, é só isso o que importa. E nisso ele está muito bem.

Fonte: TotalRace

*****

Beijinhos,
Ana

Nenhum comentário: